Minha primeira vez no BAH
O BAH é daqueles restaurantes que o gaúcho gosta. Comida com tradição, pratos com ingredientes do nosso campo e um toque de sofisticação. Não é à toa que é um dos meus restaurantes favoritos em Porto Alegre.
Muitas vezes eu voltei aqui, mas com certeza nenhuma delas foi tão inusitada quanto a primeira. E é por isso que resolvi compartilhar essa experiência com vocês.
No dia 11.02.2012 fui até o Barra Shopping para jantar no BAH. Ao chegar lá demos de cara com ninguém mais, ninguém menos que ele, um dos mestres da literatura gaúcha, um dos meus ídolos literários: Luís Fernando Veríssimo. Ele muito introspectivo jantando quietinho com a sua simpática esposa.
Eu obviamente não faria nada, e ficaria só achando aquele momento muito curioso. Me contive. Mas o Lucas não. O Lucas nunca teve vergonha de nada, e não perderia aquele momento de jeito nenhum.
Ele me arrastou até a livraria Saraiva, dentro do shopping, e comprou dois livros do Luís Fernando Veríssimo. O meu exemplar é um livro de crônicas, com aquele toque de humor irônico a respeito das trivialidades da vida: Em Algum lugar do Paraíso. Subimos as escadas rolantes e lá estávamos, incomodando a janta do mestre para conseguir um autógrafo. Que vergonha! O que não são esses micos da vida cotidiana, que depois acabam rendendo alguns textos, não é mesmo?
O Luís – sim, porque depois do autógrafo no meu livrinho eu já sou quase da família – falou poucas palavras. Limitou-se a agradecer o carinho e nos contar o que estava comendo, pergunta feita pelo Lucas. Eu não sabia onde cavar um buraco para me esconder de tanta vergonha. A esposa dele, a senhora Lúcia, foi muito gentil e conversou um pouco conosco.
Depois disso, fomos para a nossa mesa, dar início ao nosso jantar. Não é todo dia que a gente tem a chance de incomodar a refeição de um dos maiores escritores do Brasil, filho de uma das maiores lendas da nossa literatura.
Os pratos
Tudo bem que literatura é muito importante, mas vamos à gastronomia! O couvert do BAH é uma das coisas que eu mais gosto do restaurante. O pão caseiro vem quentinho, além de crostines, tomates assados, queijo da colônia, nata fresca com raiz forte – que eu sou apaixonada-, manteiga e palitos de legumes. É tão triste quando acaba!
No quesito prato principal eu pedi o pappardelle com camarões salteados na nata da colônia, aromatizada com páprica picante e cítricos de Montenegro. Não é à toa que esse é até hoje O meu prato favorito do cardápio do BAH. Já provei alguns, mas esse aí é o número 1.
A combinação dos cítricos com a nata e os camarões é simplesmente divina e a páprica dá um toque picante, que eu amo! Camarões bem grandes e suculentos, sem economia na hora de servir. Do jeitinho que a gente gosta.
O Lucas pediu o risoto de paleta de cordeiro e crocantes de alho-poró. Já pedi esse outras vezes que voltei ao restaurante e também acho muito bom. Para quem é fã de cordeiro é uma excelente opção. O prato é bem servido e saboroso.
Sou muito fã do conceito de transformar os ingredientes gaúchos em pratos bem elaborados. A carne de cordeiro, a moranga, a nata, a polenta e até a erva-mate são usados na preparação dos pratos do BAH, valorizando o nosso rincão. Não é só pela comida saborosa que eu amo esse lugar. O BAH fortalece a cultura gaúcha através da gastronomia.
Precisamos propagar nossa tradição e valorizar a nossa terra, porque… Ah, “a terra sempre permanece”.